Mais um lote da série “The Twitter Files” foi revelado ao público. Os documentos recentemente divulgados pelo jornalista independente David Zweig detalham como os executivos do Twitter procuraram censurar contas que partilhavam dados “verdadeiros mas inconvenientes” sobre a pandemia Covid-19 e as respectivas vacinas, mesmo quando as contas pertenciam a eminentes cientistas e médicos.

Neste caso, ambas as administrações Trump e Biden pressionaram os executivos do Twitter a censurar informação científica. Usando a sua influência, o governo foi capaz de desacreditar médicos e especialistas, e suprimir a liberdade de expressão dos utilizadores comuns no Twitter – mesmo que estivessem a citar os próprios dados do Centro de Controlo de Doenças (CDC).

A administração Biden também fez pressão sobre a plataforma para suspender o antigo repórter do New York Times, Alex Berenson, por causa dos seus tweets que questionavam as vacinas Covid.

Segundo os documentos divulgados na segunda-feira, a administração Trump reuniu com executivos do Twitter, da Google, do Facebook e da Microsoft à procura de “ajuda das empresas de tecnologia para combater a desinformação” sobre a corrida aos supermercados, que podia alimentar o pânico nos primeiros dias da pandemia. Isto apesar de a corrida às grandes superfícies ter acontecido de facto.

Depois, quando a administração Biden assumiu o controlo, concentraram-se no combate à “desinformação” sobre vacinas e visaram os cépticos mais proeminentes como Alex Berenson e Robert Malone, o inventor da tecnologia mRNA.

No Verão de 2021, Biden afirmou que os media estavam “a matar pessoas” por permitirem a desinformação sobre vacinas – e apenas algumas horas mais tarde, o relato de Berenson foi suspenso.

Foi expulso da plataforma no mês seguinte, e acabou por ser processado pelo Twitter. Como parte do processo legal, o Twitter foi obrigado a divulgar comunicações internas, que mostraram como a Casa Branca pressionou a empresa a tomar medidas sobre Berenson.

Mas a administração Biden estava aparentemente “muito zangada” por o Twitter não ter feito mais para suprimir outras contas, e pressionou os executivos a intensificarem o esforço censório.

Ainda assim e surpreendentemente, dado o registo draconiano da empresa, Zweig conclui que

“Os executivos do Twitter não capitularam completamente aos desejos da equipa Biden. Uma extensa análise das comunicações internas da empresa revelou que os funcionários debateram frequentemente casos de moderação com grande detalhe e com mais cuidado do que foi demonstrado pelo governo em relação à liberdade de expressão. Não obstante, o Twitter reprimiu opiniões – muitas delas de médicos e peritos científicos – que entravam em conflito com as posições oficiais da Casa Branca. Como resultado, as conclusões e questões legítimas que teriam expandido o debate público foram obliteradas.”

Entre os muitos peritos que foram considerados como tendo difundido ‘desinformação’ estava o Dr. Martin Kulldorff, um epidemiologista da Escola Médica de Harvard.

 

 

A 15 de Março de 2021 ele respondeu a uma pergunta sobre se crianças e aqueles que já tinham sido infectados pelo vírus deveriam receber a vacina. A resposta do médico foi clara:

“Não. Pensar que todos devem ser vacinados é tão falho cientificamente como pensar que ninguém deve. As vacinas COVID são importantes para pessoas mais velhas de alto risco e para os seus cuidadores. Aqueles com infecção natural anterior não precisam dela. Nem as crianças”.

Esse tweet foi assinalado por um moderador de conteúdo no site, sob o argumento de que partilhava “informações falsas sobre a eficácia das vacinas COVID-19” porque diferia das directrizes do Centro de Controlo de Doenças. Foi prontamente rotulado como “enganador”, e todas as respostas e gostos foram suprimidos.

Um tweet de Kelly Kga, um verificador de factos de saúde pública, também foi rotulado como “enganador”, com os seus gostos e respostas desactivados – apesar de ter apresentado os próprios dados do CDC.

 

 

“Os registos internos mostraram que um bot tinha assinalado o tweet, e isso desencadeou uma revisão manual por um humano que – apesar de o tweet mostrar dados reais do CDC – ainda assim rotulou-o como ‘enganador'”.

Mas o tweet a que Kelly Kga respondia, esse sim, continha grosseira desinformação, já que afirmava que a Covid era a principal causa de morte por doença em crianças, o que é factualmente aberrante. Zweig sublinha que

“Esse tweet, apesar de tudo, permanece na plataforma, e sem o rótulo ‘enganador’.”

A conta de Andrew Bostom, um médico de Rhode Island, foi permanentemente suspensa depois de ter postado um estudo submetido a peer review sobre a eficácia das vacinas mRNA.

“Uma revisão dos registos do Twitter revelou que uma auditoria interna, realizada depois de o advogado de Bostom ter contactado o Twitter, concluiu que apenas uma das cinco violações de Bostom era válida. O único tweet de Bostom que ainda estava em violação citou dados que eram legítimos mas inconvenientes para a narrativa das autoridades da saúde pública sobre os riscos da gripe versus Covid nas crianças.”

O autor do tweet em baixo é um médico que gere a conta de Ética em Doenças Infecciosas no Twitter. O tweet foi rotulado como “enganador”, embora se referisse aos resultados de um estudo, também sujeito à revisão por pares, que encontrou uma associação entre as vacinas mRNA e as paragens cardíacas em jovens, em Israel.

 

 

No trabalho de David Zweig, que desta feita não foi publicado no Twitter e que pode encontrar aqui, há muitos mais exemplos de censura do Twitter sobre informação científica que poderia ter alargado e complementado o conhecimento do público sobre a pandemia e as vacinas. O ContraCultura recomenda vivamente a sua leitura integral.

Os documentos fornecem mais contexto sobre como o governo se infiltrou no gigante de Silicon Valley para suprimir certas histórias, enquanto o actual CEO do Twitter, Elon Musk, promete que haverá mais revelações na próxima semana.