Eis mais um caso em que um político lê George Orwell ao contrário: o “1984” não é uma advertência, mas um manual de normas.

O Presidente da Câmara de Nova Iorque Eric Adams respondeu às críticas sobre o aumento da utilização da tecnologia de reconhecimento facial na “Grande Maçã” declarando:

“O Big Brother está a proteger-te!”

Adams fez estes comentários em resposta à preocupação expressa por representantes da oposição de que a utilização desta tecnologia poderá levar a um estado de vigilância omnipresente, de carácter orwelliano.

Responsabilizando o seu antecessor Bill de Blasio pelos calamitosos indíces de actividade criminal, Adams afirmou que os nova-iorquinos sentem que vivem num “estado de anarquia” e que a sua prioridade é a de “estabilizar” a situação.

A tecnologia de reconhecimento facial utiliza câmaras de vigilância para identificar indivíduos que aparecem em bases de dados criminais quando entram em determinados locais públicos. A tecnologia está ainda longe de ser perfeita e pode conduzir a equívocos e à perseguição de cidadãos cumpridores da lei.

Antes da expressão infeliz, Adams tinha afirmado que:

“Também avançaremos na utilização das mais recentes tecnologias para identificar problemas, seguir pistas e recolher provas – desde a tecnologia de reconhecimento facial a novas ferramentas que possam detectar os portadores de armas, utilizaremos todos os métodos disponíveis para manter o nosso povo seguro.”

O democrata também sugeriu descaradamente que a vigilância em massa não é um método totalitário de controlo dos cidadãos, mas na realidade um instrumento para sua protecção:

“Fico espantado por ainda não termos utilizado esta tecnologia, e parte disso é porque muitos dos nossos eleitores têm medo dela. ‘Oh, é um papão. É o Big Brother a observar-te’. Não, é o Big Brother a proteger-te”.

Tal como no clássico distópico de George Orwell, Adams presumivelmente pensa que os nova-iorquinos vão aprender a ‘amar o Big Brother’.

Albert Fox Cahn, o chefe do Projecto de Supervisão da Tecnologia de Vigilância, respondeu às declarações de Adams alertando que a tecnologia de reconhecimento facial, uma vez instalada e rotineira, será inevitavelmente armada para reprimir “todos os aspectos da dissidência” na cidade.

“Estas são tecnologias arrepiantes nas mãos de qualquer líder político ou burocrata. Mas dar a uma agência com um registo tão horrível de abuso de vigilância ainda mais poder, numa altura em que enfrentam uma fiscalização cada vez mais reduzida, é uma receita para o desastre.”

Os defensores das liberdades civis alertaram que tornar a tecnologia de reconhecimento facial omnipresente poderá levar a uma sociedade do género retratado em “Relatório Minoritário”, o célebre filme de ficção científica de Steven Spielberg, onde todos, quer tenham ou não registo criminal, são monitorizados, e os seus movimentos são seguidos e antecipados de forma a prevenir a potencial actividade criminosa.

Segundo o Daily Mail, as autoridades chinesas expandiram recentemente a utilização da tecnologia de reconhecimento facial ao acesso à Internet, numa extensão do programa de crédito social do Estado comunista.

“Actualmente, um cidadão chinês terá de mostrar o seu cartão de identificação enquanto solicita uma linha fixa ou a Internet. O teste de reconhecimento facial é definido para verificar se o cartão de identificação pertence ao requerente”.

A tecnologia que revela a identidade de uma pessoa sem que ela saiba sequer que está a ser exposta a essa monitorização é há já muito tempo um objectivo dos tecnocratas globalistas, sendo uma missão especialmente grata aos ideólogos do World Economic Forum.