Não há muita gente fora da Hungria que fale húngaro, pelo que praticamente todas as notícias do dia-a-dia daquele país nos passam ao lado. Tanto mais que a Hungria é hoje uma nação pária nos meios de comunicação social por causa do seu presidente-dissidente, Viktor Orbán. Mas um escândalo sumarento tem vindo a desenvolver-se no país ao longo dos últimos meses.
A Hungria realizou eleições no início deste ano, ganhas decisivamente pelo Partido Fidez de Orbán. O principal partido da oposição foi o Movimento Hungria de Todos, liderado por Péter Márki-Zay.
Várias organizações não governamentais da esquerda mainstream, mascaradas com um manto de isenção que só convence os mentecaptos, acusaram Viktor Orbán de utilizar recursos do aparelho do Estado para promover o seu próprio partido. Por exemplo, a OSCE descreveu as eleições como “bem geridas e disputadas”, mas observando ao mesmo tempo que estas foram “prejudicadas pela sobreposição generalizada das mensagens do governo e da coligação governamental”.
No entanto, o verdadeiro escândalo, ironicamente, diz respeito à oposição.
Em declarações feitas num podcast em Agosto, o líder da oposição Péter Márki-Zay declarou que o seu movimento tinha recebido dinheiro “da América”, que teria sido utilizado para pagar algumas das contas da campanha das recentes eleições. O dinheiro, explicou ele, tinha vindo através de uma organização chamada Action for Democracy (AFD), que foi criada em Fevereiro.
Estes comentários suscitaram controvérsia, uma vez que a lei eleitoral húngara proíbe os partidos de receberem dinheiro do estrangeiro. Na Hungria, o financiamento das campanhas eleitorais é concedido a cada partido através do orçamento do estado. São também permitidos donativos de cidadãos privados; embora acima de um certo montante, o nome do doador terá que ser tornado público.
Quando pressionada a comentar, a Action for Democracy disse aos meios de comunicação húngaros que não concedeu qualquer financiamento de campanha, e apenas apoiaram o movimento de oposição “como uma organização cívica”. No entanto, os críticos não foram persuadidos por esta defesa. Como um colunista húngaro observou:
“O líder húngaro da AFD, Dávid Korányi, admitiu anteriormente que as eleições húngaras inspiraram o estabelecimento da organização, e em relação ao seu funcionamento, enfatizou que ‘estamos a tentar reforçar as forças democráticas nas eleições dos estados chave nesta batalha, incluindo a Hungria’. Por outras palavras, em Março, a AFD foi definida pelo seu executivo como uma organização especificamente centrada nas eleições.”
Por outro lado, o movimento de oposição descreve-se explicitamente como um “movimento”, em vez de um partido político, um truque de nomenclatura para escapar à proibição do financiamento estrangeiro que dificilmente funcionará nos tribunais. Em qualquer caso, foi iniciada uma investigação sobre as aparentes irregularidades.
Embora essa investigação esteja em curso, algumas conclusões prévias foram desclassificadas pelo parlamento húngaro. Os investigadores descobriram que o movimento de oposição recebeu uma soma de dinheiro muito maior do que inicialmente se acreditava – cerca de 4,5 milhões de dólares – e que parte da verba chegou antes da realização das eleições.
Embora os documentos desclassificados constituam apenas uma parte do relatório dos investigadores, estes insinuam a possibilidade de envolvimento do governo dos EUA. Entre os documentos está incluído o seguinte diagrama, indicando os vários indivíduos e organizações que estão ligados à Acção para a Democracia:
Do lado direito está o National Endowment for Democracy – uma organização financiada pelo governo dos EUA e sobre a qual um dos seus ex-presidentes disse:
“Muito do que fazemos hoje foi feito secretamente há 25 anos pela CIA”.
Pouca informação adicional está incluída nos documentos desclassificados, para além da seguinte declaração:
“Em 2014, a direcção da NED avaliou que a situação política interna húngara se tinha tornado tão preocupante que iniciou um processo intensivo de reflexão sobre o reinício das suas actividades no país. Se a organização decidir reaparecer na Hungria, irá procurar parceiros húngaros através dos quais possa implementar os seus objectivos.”
Não é ainda claro porém se o National Endowment for Democracy esteve envolvido no financiamento do movimento da oposição, ou se quaisquer reivindicações nesse sentido são mera especulação.
Também de interesse é a própria Action for Democracy. Como mostra o diagrama, o conselho consultivo da organização inclui vários activistas liberais proeminentes como Anne Applebaum e Francis Fukyama, bem como o antigo Comandante Supremo da Nato, Wesley Clark.
Na secção “Onde ajudamos” do seu website, a Action for Democracy enumera cinco “campos de batalha chave”, que são todos países com governos nacionalistas/populistas.
Com base na composição do seu conselho consultivo, e na lista de cinco países em que afirma concentrar-se, é evidente que a AFD está menos preocupada em promover a democracia do que em combater o conservadorismo populista na Europa e no Brasil. De facto, tanto a “diversidade” como a “inclusão” figuram entre os “valores e crenças” da organização.
Se a AFD tem algum objectivo para além do ideológico permanece por verificar. De acordo com este documentário húngaro, a organização pode representar certos interesses empresariais que recolheriam óbvios e chorudos benefícios com uma mudança de governo em Budapeste (tais como as empresas energéticas americanas).
Em suma, esta é mais uma tentativa de manipular e condicionar o livre arbítrio das nações por parte do aparelho neo-liberal americano, como aconteceu de forma ainda mais flagrante na Ucrânia, por exemplo.
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