Os receios de uma nova repressão ao estilo da Praça Tiananmen foram agravados por imagens de tanques a serem enviados para as ruas das grandes cidades, num contexto de agitação social inaudito na China deste século, com protestos contra os confinamentos extremos e os campos de concentração que as autoridades adoptaram como políticas de combate à Covid-19.
Vídeos dos tanques foram captados na cidade oriental de Xuzhou, na segunda-feira à noite, e circulam abundantemente na web.
ภาพclip vdo ยานพาหนะของ PLA เคลื่อนผ่านเมือง Xuzhou โดยสันนิษฐานว่าไปยังจุดเกิดเหตุประท้วงในเซี่ยงไฮ้ pic.twitter.com/rjfq3V0DSZ
— tudorsmith (@tudor44871647) November 30, 2022
🇨🇳 Militärfahrzeuge der #KPCh fahren in die Stadt #Xuzhou ein….😳😳😳 pic.twitter.com/zuEbSz0Zee
— GeorgeOrwell3 (@george_orwell3) November 29, 2022
Os eventos têm sido omitidos por grande parte da imprensa ocidental, que está nitidamente a assobiar para o lado.
No monólogo de terça-feira, Tucker Carlson pergunta-se porque é que os meios de comunicação social ocidentais ignoram os protestos e os tanques enviados para os esmagar.
“A menos que leia o Daily Mail, que é um jornal inglês publicado online, provavelmente não sabe que o Presidente chinês Xi Jinping enviou tanques para uma grande cidade ontem à noite, para obliterar os protestos contra o seu governo.”
O anfitrião do “Tucker Carlson Tonight” acrescentou:
“Praticamente nenhum meio de comunicação social americano reconheceu que isto aconteceu e isso é bastante estranho se pensarmos bem no assunto. Imagine, por exemplo, que o líder húngaro Viktor Orban colocava tanques em Budapeste para esmagar os seus opositores políticos. Será que os nossos meios de comunicação social notariam isso? Sim, notariam. Estaria na primeira página do ‘The New York Times’. O Morning Joe abriria o seu programa com a notícia.”
E continuou:
“A China é o nosso principal rival global, é uma posição altamente significativa. No entanto, de alguma forma ninguém em nenhuma redacção na América reparou quando Xi Jinping decidiu reproduzir os eventos da Praça Tiananmen. Ninguém viu, apesar de as imagens estarem na Internet. Como é que isso é possível? Será que os meios noticiosos americanos estão a encobrir as acções do governo chinês? Tire as suas próprias conclusões.”
Carlson prosseguiu, no mesmo tom desafiante, inquirindo o comportamento da Apple, que desligou o Airdrop na China, ferramenta de comunicação de protestos por excelência, mesmo antes da revolta contra os confinamentos ter começado.
Com Pequim tentando agora conter aquilo a que alguns chamam a mais grave revolta em massa desde os eventos que culminaram com a chacina da Praça Tiananmen, a Apple está aparentemente a ajudar o Comité Central do Partido Comunista Chinês a esmagar a dissidência.
O AirDrop permite ligações locais entre dispositivos, o que significa que não pode ser monitorizado ou censurado pelas autoridades locais.
No entanto, a gigante de Silicon Valley lançou cirurgicamente uma actualização à aplicação na China, que implicou a sua desactivação temporária e restringiu depois o seu uso a apenas 10 minutos, tornando mais difícil aos manifestantes comunicar com outros activistas, bem como enviar mensagens a transeuntes, jornalistas e turistas próximos.
A empresa da maçã optou por lançar a actualização no preciso momento em que o país experimenta a maior vaga de protestos em décadas, o que alguns sugerem ser mais do que uma mera coincidência.
O Reclaim the Net acusa:
“A Apple ajudou Pequim a suprimir múltiplas vezes a dissidência política, sobretudo cumprindo os pedidos das autoridades para remover aplicações utilizadas pelos manifestantes para informação e comunicação. A Apple também ajuda o Partido Comunista Chinês a impedir que os utilizadores permaneçam privados, proibindo as VPNs na região”.
Eis uma empresa americana que trabalha abertamente em favor de uma ditadura comunista, que por acaso até é o primeiro rival geo-estratégico dos Estados Unidos.
Facto esquizofrénico? Não. Sinal dos tempos.
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