“Os movimentos totalitários são, na sua essência, uma tentativa de transformar a realidade em ficção.”
Hannah Arendt
“É um facto que a mentira nos afastou de tal forma de uma sociedade normal que já não te consegues orientar; no seu denso e cinzento nevoeiro não há pontos de referência.”
Aleksandr Solzhenitsyn
Um dos princípios fundamentais dos regimes totalitários é o de transformar a realidade através da sua manipulação mediática. Para esse efeito, o célebre manual de Joseph Goebbels serve perfeitamente: repete e amplifica ao máximo a mentira, de tal forma que ela passe a ser verdade.
É esse o momento histórico que vivemos, no Ocidente. Todos os dias somos agredidos em repetição de largo espectro megafónico com uma miríade de impossibilidades que se tornam possíveis e de falsidades que se tornam verossímeis: os homens podem parir. E amamentar. As mulheres são fisicamente tão fortes como os homens. A espécie humana está dividida numa multitude de géneros. O Comunismo é virtuoso. O medo é libertador. Uma gripe com 0,15% de taxa de mortalidade legitima a interrupção de liberdades, direitos e garantias constitucionalmente consagradas. Uma vacina criada num ano apenas é completamente segura e eficaz, a curto, médio e longo prazo. É moral que sejas tu a mandar no teu corpo se quiseres abortar, é imoral que sejas tu a mandar no teu corpo se não te quiseres vacinar. Um militar que monta tendas de vacinação é um herói nacional. A máscara que compraste na loja chinesa protege-te de um vírus cuja dimensão é de 0,00002 milímetros. A segurança é mais importante que a liberdade. A dissidência política é uma ameaça à democracia. A Ciência não admite discussão. A Arte é a sua negação. A História é um exercício nefasto. A Filosofia é inútil. A Tecnologia é Deus. Deus não existe.
Também a Economia deve ser virada ao contrário. Imprimir dinheiro em larga escala não cria inflação. E se criar, é porque a inflacção é algo de positivo. A recessão não depende da realidade económica mas dos números com que se parametriza. Tributar a classe média e as pequenas empresas até à impossibilidade da existência de uma e da viabilidade das outras não cria miséria, nem desemprego. O desemprego e o subsídio crónico dos cidadãos não cria infelicidade, pelo contrário. No futuro, não vais possuir nada e vais ser feliz.
Em democracia, os políticos não têm que respeitar os seus mandatos eleitorais nem os jornalistas têm que reportar os factos. Os burocratas de Bruxelas e os censores de Sillicon Valley, que tomam decisões radicais sobre cada milímetro da tua existência, que te privam do livre arbítrio e que calam a tua voz dissidente não precisam de ser eleitos, nem escrutinados por representantes eleitos. As debandadas vergonhosas são vitórias militares. Os fascistas mais violentos são anti-fascistas pacíficos. Os radicais são moderados e os moderados são radicais.
A eclosão de um guerra nuclear justifica-se perfeitamente, em nome da integridade das fronteiras da Ucrânia, uma país com 30 anos e dirigido por uma classe de caciques corruptos e radicais. Os nazis ucranianos, aliás, são bons nazis.
As elites podem e devem desrespeitar os mandatos a que te sujeitam e viajar de jacto privado para festas e conferências sobre alterações climáticas. Os países não precisam de fronteiras. A derradeira ameaça para a civilização ocidental provém dos nativos ocidentais. A salvação da Civilização Ocidental provém dos imigrantes não ocidentais que trazem cultura, religião e convicções políticas não compatíveis com a Civilização Ocidental. A diversidade, em vez da unidade, é a força das nações. A opinião é um crime. A destruição é justiça.
Não acredites no que ouves, no que vês, no que sentes, no que sabes. O estado ouve por ti, vê por ti, sente por ti e sabe mais que tu.
A verdade é negacionista, racista, xenófoba, nacionalista e criminosa.
Sê bem vindo ao Great Reset: o fim do Ocidente como o conheceste. O princípio da tirania à escala global. A derradeira distopia.
Relacionados
14 Mai 25
Perceber o momento.
Nas eleições deste Maio, Portugal poderá escolher entre o salto para o futuro ou continuar a vegetar entre um sortido de velhos partidos reaccionários em rápida putrefacção. Uma crónica de Rafael Pinto Borges.
12 Mai 25
Gaudium Magnum
A Igreja de Cristo é dona de uma realidade exclusiva: a tristeza da orfandade é, em poucos dias, superada pela alegria da sucessão paternal. Um sinal de resiliência num mundo onde nada parece permanecer. Uma crónica de Paulo H. Santos.
7 Mai 25
A Rebelião Britânica.
A vitória do Reform UK simboliza a restauração do elo entre o cidadão e o Estado, uma ruptura com a lógica de condescendência tecnocrática e uma advertência clara à elite dirigente: se não ouvem o povo, pagam o preço. Uma crónica de Marcos Paulo Candeloro.
5 Mai 25
Sobre os primeiros 3 meses da presidência de Donald J. Biden.
Donald Trump parece agora dominado pelos falcões do seu gabinete, pelo aparelho industrial e militar americano e pelas almas condenadas do pântano de Washington, e dá até a sensação que objectiva um mandato muito parecido com aquele que o seu senil antecessor cumpriu.
2 Mai 25
Sobre o antissemitismo nazista.
Tratar o antissemitismo nazi como uma aberração irracional é cometer o erro que Arendt denunciou: o de pensar o mal como inexplicável, acidental, alheio à racionalidade moderna. Uma crónica de Marcos Paulo Candeloro.
30 Abr 25
A grande disputa de opiniões.
É preciso dizer o óbvio: a Igreja não é democracia. A Igreja é o Corpo Místico de Cristo. E o Conclave não é um concurso de vaidades. É guerra espiritual. Uma crónica da Paulo H. Santos.