“We don’t give a damn about the poor. We just hate the rich.”
Geoge Orwell

 

O monólogo de Neil Oliver deste fim-de-semana é bastante sorumbático, mas não deixa por isso de ser caracteristicamente assertivo. O escocês começa por evocar a história do Live Aid, que na verdade nunca foi muito bem contada, porque a fome na Etiópia que o evento pretendia combater não decorria de secas ou más colheitas mas de circunstâncias da luta pelo poder no país, e o governo etíope estava a esfomear de propósito os seus desgraçados cidadãos. Mas ainda assim, as elites mostravam que tinham o coração no sítio e as massas cooperaram, generosamente, apesar de nunca se ter percebido bem que percentagem da ajuda reunida chegou efectivamente ao terreno.

Quarenta anos decorridos, as elites e as suas políticas ambientais, agendas verdes e metas net zero seguem a cartilha do ditador etíope, Mengistu Haile Mariam, mais que a filantropia de Bob Geldof. Obliterando o progesso material dos últimos dois séculos, os senhores do universo vão entregar milhões ao sacrifício, no altar das suas fantasias totalitárias.

Enquanto a antiga esquerda cosmopolita podia não ligar grande coisa aos pobres, mas odiava claramente os ricos, a esquerda progressista de hoje não só se rendeu aos mega-ultra-bliionários (com a excepção de Elon Musk, já que este excêntrico defende o livre discurso e tem a ousadia de desmistificar alguns dogmas sagrados para os globalistas, como o mito da superpopulação), como serve cegamente os interesses dos mais ricos entre os ricos, enquanto estes receitam a sovietização de tudo, até porque, como recentemente Greta Thunberg demonstrou com claridade,o ambientalismo é um marxismo primário disfarçado com causas nobres, como a de “salvar o planeta”.

Os moralistas imorais do grande capital corporativo estão em guerra aberta com as massas hesitantes em receber de braços abertos o Great Reset. Estas gentes não importam para nada, devem ser ignoradas como danos colaterais. Quem se preocupa com a vida desses deploráveis e inconvenientes indivíduos que persistem na dissidência, quando há um futuro fantástico para vender aos crédulos? E para que serve o Sapiens 1.0, quando a tecnologia promete uma actualização ao sistema, de forma a obter uma nova espécie biónica, de indivíduos programáveis que fazem o que lhes é ordenado?

Encarecendo a energia ao ponto da total insustentabilidade das economias e das sociedades, impedindo os países do terceiro mundo de exportarem alimentos com restrições ambientais e escrúpulos futuristas, as elites globalistas preparam a hecatombe. Enquanto a Etiópia dos anos 80 ameaçava matar um milhão à fome, o sistema das altas esferas do poder económico e político ocidental que agora impera vai criar centenas de milhões de famélicos por todo o mundo, nos próximos anos.

Para que estes ideólogos radicais consigam engordar as suas fantasias totalitárias, o admirável mundo novo que nos é imposto é destituído de identidades culturais, legados históricos, tradições religiosas; é povoado por cidadãos obedientes, comedores de carne artificial e insectos; fieis consumidores de veneno propagandista e controlados electronicamente nos 360 graus das suas vidas vazias e insignificantes; empobrecidos e desapropriados e dependentes em tudo do estado oligárquico e omnipotente, sofrendo com os rigores dos invernos e as colheitas intencionalmente reduzidas. Os quatro cavaleiros do apocalipse não são representados em conjunto por acaso: a fome leva à guerra e à doença e a morte triunfa em consequência.

Não, o espírito do Live Aid já não vive de facto nas elites contemporâneas.

Em 2006, o célebre – e infame – Prémio Nobel do Powerpoint, Al Gore, anunciou o apocalipse climático que nunca aconteceu. Nem uma das suas predições alucinadas para um futuro imediato que já passou, sucederam. O que sucedeu foi um lucro de 50 milhões de dólares, entre palestras e documentários, porque o medo rende sempre. Como se a sua cartomancia de adivinho amador tivesse afinal sido comprovada pelo passar dos anos, que não foi de todo, o pseudo-profeta continua em actividade, atravessando de jacto privado oceanos e continentes para disseminar um seu velho evangelho, agora revisto e actualizado, de novos cataclismos que vão ficar por acontecer.

Mas a agenda verde que nos vendem todos os dias não é verde em absoluto, exigindo a mineração sem precedentes de quantidades inimagináveis de minerais raros e a violação sem fim do mundo que supostamente estamos a salvar. Até porque mesmo as previsões mais optimistas dos mais entusiastas think tanks do mais dogmático ambientalismo globalista não se coíbem de informar que, mesmo que todas as agendas verdes fossem cumpridas escrupulosamente, só dentro de dois séculos seria possível acabar com a utilização de combustíveis fosseis. Embora nesse caso, poucos seriam os sobreviventes ao apocalipse económico daí decorrente.

Mas os factos não interessam, quando é ambição fantasista do poder absoluto sobre a humanidade que está em causa.