Será que as palavras “global” e “saúde” se encaixam de forma pertinente? Depois da COVID-19, uma pandemia agora anunciada como terminada pelos zelotas dos confinamentos como Jacinda Ardern, Joe Biden e os burocratas da Organização Mundial de Saúde, é oportuno rever este aspecto da globalização. Por um lado, parece óbvio que uma doença contagiosa num país poderá facilmente ser espalhada pelo mundo, justificando uma preocupação com a saúde a nível global. Por outro lado, a maioria das pessoas não se preocupa, digamos, com a prevalência da diabetes num continente distante, nem perdem o sono por algo tão abstracto ou nebuloso como a “saúde global” (“Global Health”), tal como não o fazem com a “felicidade global” ou a “dieta global”. De uma maneira geral, os projectos globalistas são uma de duas coisas: ou excessivamente abstractos para serem levados a sério ou excessivamente perigosos para não o serem.
O conceito de saúde global precisa de escrutínio, porque, como se suspeitava com a COVID-19, os motivos subjacentes (tais como a implementação de sistemas de identidade digital, a captação de poderes à margem das leis constitucionais de cada nação, o controlo dos movimentos, da opinião e do pensamento das massas e etc.) podem estar a impulsionar a sua promoção. Apesar das boas intenções, se é que existem, o assunto é agora um aríete na batalha para mover o planeta para todo o tipo de iniciativas que não têm nada a ver com a saúde e têm tudo a ver com a ideologia totalitária das elites globalistas. Neste artigo pretendemos demonstrar a verdadeira natureza da “saúde global” com referência à Organização Mundial de Saúde (OMS), à Global Health Now, ao órgão da Bloomberg School of Public Health da Universidade Johns Hopkins, e à Lancet.
O que é a saúde global?
A saúde global não é facilmente definível nem era clara quando o termo foi utilizado pela primeira vez. Na década de 1950, alguns epidemiologistas referiam-se à saúde global mas utilizavam mais comummente o termo “saúde internacional”. Este último continua a ser utilizado, mas tem sido substituído progressivamente pelo primeiro.
Um estudo do campo sobre a saúde internacional mostrou que
“Cerca de metade dos inquiridos sentiu que não havia necessidade de uma nova terminologia e que o rótulo ‘saúde global’ era um jargão sem sentido. Ouros pareceram incapazes de o articular ou definir claramente”.
A definição actual fornecida na Wikipédia e retirada de um artigo de 2009 no The Lancet é “a área de estudo, investigação e prática que dá prioridade à melhoria da saúde e à obtenção de equidade na saúde para todas as pessoas em todo o mundo”. Isto pode parecer filantrópico, mas vamos ver como é que está a correr.
A Organização Mundial de Saúde como braço executivo da Fundação Bill Gates.
Se algum lugar pode ser considerado o epicentro da saúde global, é em Genebra, nos escritórios da Organização Mundial de Saúde, a autoridade de direcção e coordenação para a saúde no âmbito do sistema das Nações Unidas. A OMS É responsável por providenciar lideranças em questões de saúde global, moldar a agenda da investigação em saúde, estabelecer normas e padrões, articular opções políticas baseadas em evidência científica, prestar apoio técnico aos países e monitorizar e avaliar as tendências em matéria de saúde pública.
A “saúde global” é assim projectada para primeiro plano, mas é interessante examinar a forma como a OMS estabelece a agenda. Enquanto a maioria das pessoas assume que a agência é financiada pelos países constituintes das Nações Unidas, isto é apenas parcialmente correcto. No início dos anos 90, um estudo demonstrou que houve
“Uma mudança crucial de uma dependência predominante do “orçamento regular” da OMS – proveniente das contribuições dos Estados membros com base na dimensão da população e no produto nacional bruto – para uma dependência muito maior do financiamento extra-orçamental”.
Em meados da década de 1980, os fundos extra-orçamentais atingiram 437 milhões de dólares, o que se aproximava ao orçamento regular de 543 milhões de dólares. Contudo, no início dos anos 90, excedeu o orçamento regular em 21 milhões de dólares, constituindo assim 54% do orçamento da OMS. Entre estes financiadores, destaca-se a Fundação Bill & Melinda Gates, que em 2021 contribuiu com 789 milhões de dólares, excedendo a contribuição dos EUA em 50 milhões de dólares. É, portanto, muito pouco surpreendente que Bill Gates, não sendo médico nem cientista nem perito em virulogia, tenha sido capaz de diversos protagonismos na resposta à COVID-19.
Como será demonstrado, a influência generalizada da Fundação Gates é visível em quase qualquer lugar onde o termo “saúde global” apareça. Para além de financiar a OMS, a Fundação Gates é um importante financiador da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, e tem apoiado o trabalho de, pelo menos, duas comissões de saúde global da Lancet, a Lancet Global Health Commission on High Quality Health Systems in the SDG Era e a Lancet Commission on Education of Health Professionals for the 21st Century. Mais recentemente, a influência indevida da Fundação Gates no lançamento universal da vacina COVID-19 foi exposta no relatório conjunto do Politico e do WELT intitulado “How Bill Gates and Partners Used their Clout to Control the Global Covid Response – With Little Oversight”.
A premissa inicial deste relatório é que no início da pandemia houve
“Uma mudança de poder, constante e quase inexorável, dos estados para um grupo de organizações não governamentais que assumiram papéis frequentemente desempenhados pelos governos – mas sem a responsabilização dos governos”.
Um antigo alto funcionário de saúde anónimo dos Estados Unidos terá dito:
“É preciso lembrar que quando se lida com a Fundação Gates, é quase como se se tratasse de outro país importante em termos das suas doações a estas organizações de saúde globais.”
Global Health Now: a saúde como propaganda progressista.
O boletim Global Health Now é publicado cinco dias por semana. É, sem dúvida, um excelente propagandista da filosofia e da prática da saúde global. Inquestionavelmente pró-vacinação, impulsionou o lançamento da vacina COVID-19 e foi também um apoiante inquestionável de mandatos de máscara, confinamento e distanciamento social. Por exemplo, e embora não tenha mencionado o estudo DANMASK, o único ensaio rigoroso sobre a eficácia de máscaras faciais (que constatou que estas não eram significativamente eficazes), a Global Health News noticiou favoravelmente um estudo de máscaras faciais no Bangladesh, sem indicar as suas falhas manifestas, erros metodológicos e resultados insignificantes. O boletim elogiou as virtudes da Finlândia, onde os lockdowns foram impostos e largamente obedecidos, e comparou-as desfavoravelmente com a Suécia, cujas políticas muito menos draconianas acabaram por apresentar resultados muito mais positivos, não só nos números da epidemia, mas também nos seus efeitos secundários ao nível da economia e da saúde fisiológica e psíquica das populações. A Global Health News ignorou totalmente a ineficácia e o prejuízo socioeconómico e psicossocial dos confinamentos. A pesquisa de “miocardite” no seu website apenas faz referência à miocardite pós-Covid e não à reconhecida conecção entre a doença e as vacinas COVID-19.
A Global Health News comenta tópicos politicamente sensíveis, tais como leis sobre armas e aborto; favorecendo um maior controlo da primeira e uma maior liberalidade da segunda. A poluição é um tema constante da publicação (mas sem referência à China) e a agenda das alterações climáticas é aceite sem qualquer análise crítica, embora o argumento científico a favor de uma crise climática de carácter apocalíptico seja facilmente contestável. A Global Health News está a cantar a partir da mesma folha de hinos que outros meios de comunicação globalistas. Até os acidentes de viação são descritos como uma “crise de saúde pública”.
The Lancet: tudo menos ciência.
A prestigiada revista médica, The Lancet, é outro grande porta-voz da agenda global da saúde. Com a sua cobertura genérica, a Lancet dá um contributo importante para todas as áreas da saúde, mas existe um desmedido compromisso editorial para com a agenda da saúde global. Numa conferência na Universidade Nacional de Singapura em 2014, a audiência foi informada por Richard Horton, na altura o editor do título, que o The Lancet é menos uma revista médica e mais uma Organização Não Governamental. Percebe-se porquê: a publicação é hoje um órgão de activismo político, muito mais de que uma revista credível de base científica.
Um relatório recente da Lancet, resultante de uma das suas muitas comissões sobre a resposta internacional à COVID-19, acusou vários governos pelas suas respostas inadequadas e mal coordenadas. Inevitavelmente, foi afirmado que uma multidão de vidas teria sido salva se os governos tivessem confinado as populações mais cedo e com maior intensidade. O relatório continua a recomendar máscaras e distanciamento social, apesar da evidente falta de provas factuais. A OMS é alvo de algumas críticas, também por agir tardiamente e com vigor insuficiente à emergência da COVID-19. No entanto, o relatório Lancet, entre outras coisas, recomenda o posicionamento da OMS como instituição líder para responder a doenças infecciosas emergentes e reformar a sua governação para criar um novo Conselho de Saúde Global, de forma a apoiar a tomada de decisões em assuntos urgentes e controversos. Mais um mecanismo que iria reduzir a autonomia dos estados e – logo – as suas constituições e – assim – a liberdade dos povos. Tudo isto foi entusiasticamente noticiado no Global Health News.
Conclusão: a saúde pública na Torre de Babel.
As entidades aqui descritas não são as únicas preocupadas com a saúde global, mas são certamente três das mais proeminentes. E todas elas dependem financeiramente da Fundação Gates, obedecendo cegamente à agenda do bilionário de Silicon Valley. No campo da saúde global, fica-se com a impressão de que existem muitas entidades independentes envolvidas, mas basta arranhar a superfície para percebermos que são apenas cabeças da mesma hidra.
Convém também não esquecer que Gates acompanha geralmente os resultados da enorme influência que exerce nos centros de poder, com investimentos especulativos nos mercados financeiros, desfazendo, em cada jogada do seu multidimensional tabuleiro de xadrez, qualquer ilusão quanto ao carácter filantrópico ou altruísta das suas acções.
Uma organização que de facto tentasse coordenar esforços em nome da saúde pública a nível planetário até poderia ser uma bênção para o progresso da humanidade, mas dependerá sempre das intenções e dos desígnios ideológicos de quem a financia e de quem a gere. A resposta à COVID-19 mostrou de que são capazes esses actores poderosos no domínio da saúde e, nos dias que correm, todas as iniciativas de carácter “global” são financiadas e geridas pela mesma fauna de elitistas com ambições totalitárias, personagens que são ou sinistros ou servos deles e que têm vindo a construir paulatinamente uma distópica e coerciva Torre de Babel. E todos sabemos, ou deveríamos saber, o que aconteceu a esse iniciático projecto globalista.
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